quarta-feira, 13 de junho de 2012

0 Contribuição com tema ambiental


Estou a mais de um mês sem escrever aqui, peço desculpas aos que me visitam por isso. Ainda não vou postar um texto meu, mas quero aqui socializar um excelente texto do amigo Wanderson Mansur.

Os limites do capitalismo verde

A questão ambiental tem se apresentado como uma das mais prementes do momento histórico que atravessamos, sua problemática tem lançado incertezas sobre o futuro e colocado em xeque o atual modo de vida – baseado no consumismo e na descartabilidade.
A continuidade desse modelo tem sido questionada, principalmente pela finitude dos recursos naturais - antes tidos como inesgotáveis, e que agora mais do que qualquer outra idéia ou ideologia tem se colocado como um entrave objetivo na reprodução do capitalismo e sua sociabilidade consumista.
O atual momento de crise, protagonizado por catástrofes ambientais e mudanças climáticas, indicando alterações profundas da Terra, em resposta às ações degradantes imprimidas pela humanidade e seu modelo hegemônico de desenvolvimento.
Há uma crença na possibilidade irrefreável de um desenvolvimento progressivo e linear das forças produtivas, embora a natureza demonstre sinais de esgotamento. O modelo não é revisto ou mesmo questionado como sendo insustentável para as futuras gerações, ao contrário, o esforço é para demonstrar que o atual estágio de desenvolvimento é capaz de produzir por si a saída.
Num mundo permeado pela técnica, pelos meios informáticos e de comunicação global, a saída não poderia advir de outro lugar senão da tecnologia, cada vez mais vista como o agente capaz de mitigar os impactos gerados pelo modelo predatório em curso.
Como os países não querem rever seus índices de emissão de gases de efeito estufa, a alternativa encontrada por eles para frear as mudanças climáticas provém de pesquisas científicas nas áreas de geoengenharia e nanotecnologia, que mais se parecem experimentos de filmes de ficção científica. Trata-se de processos de intervenção humana no clima por meio de tecnologias capazes de alterar o ambiente planetário a partir de aspectos físicos, químicos ou biológicos do ecossistema global.
A saída tecnológica divide opiniões. De um lado, a comunidade científica que tem se colocado favorável a esse tipo de alternativa, e do outro,  ambientalistas veementemente contrários a tais idéias, por alegarem que não existem estudos científicos confiáveis capazes de assegurar a eficácia desse tipo de intervenção, e ainda alertam sobre os impactos irreversíveis, caso fossem implantados.
Os principais argumentos dos ambientalistas contrários a tais práticas residem no fato de que a manipulação da natureza em grande escala segue desconhecida, e podem representar um risco à biodiversidade; os projetos são caros, orçados em bilhões de dólares e tem sido vistos como dispositivos utilizados por governos para deixar de tomar as medidas necessárias para a diminuição efetiva da diminuição das emissões de carbono na atmosfera.
Esse é apenas um prelúdio do que serão as discussões da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20,   a ser realizada em junho, na cidade do Rio de Janeiro.
Tendo em vista o contexto de crise sistêmica do capitalismo, espera-se poucos avanços e compromissos. Na verdade a crise é mais um pretexto para que o capitalismo reafirme sua flexibilidade e aproveite esse momento como mais uma oportunidade para se desenvolver e manter sua hegemonia. A bola da vez é apropriar-se das riquezas naturais, e aproveitar o encontro global para aprofundar os mecanismos da economia verde e desenvolver um bom business, os famigerados “negócios verdes”.
No entanto, haverá sim espaço para discussão crítica e lúcida acerca das crises que enfrentamos. Esse espaço é a Cúpula dos Povos, que está sendo proposto por movimentos sociais e de ambientalistas e acontecerá paralelamente ao evento oficial. Com o lema, “Venha reinventar o mundo”, eles pretendem debater as causas estruturais da atual crise civilizatória.
A pergunta que fica é a seguinte: é possível desenvolvimento sustentável no capitalismo? Creio que sustentabilidade e capitalismo são termos diametralmente opostos e que a resposta mais concreta e radical, tanto à crise financeira, quanto a crise ambiental, seria o ecossocialismo, fundado não mais numa divisão binária-cartesiana entre homem e natureza, mas num modelo de sociabilidade onde os seres humanos não são vistos como hierarquicamente superiores as demais formas de vida, e onde a produção de valores de uso estaria a serviço da satisfação das necessidades sociais e a preservação do meio ambiente.
O texto esta publicado no Página 13

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