quinta-feira, 25 de julho de 2013

0 Para dialogar é preciso desmilitarizar

Nunca vivi algo tão constrangedor quanto na sexta-feira (19/07). Acompanhei um pouco na hora do almoço a manifestação, porém julguei que iria acabar ali. Estava almoçando em um restaurante e acompanhando as notícias pela TV. Na saída, percebi a presença de policiais motorizados abordando de forma truculenta as pessoas que estavam andando pelas ruas.

Cheguei na praça Costa Pereira. Havia policiais em todos os lugares. Parecia que estavam "caçando" algo. Presenciei a abordagem de um menino, que foi levado até o Palácio Anchieta. Resolvi acompanhar a ação policial e ao chegar na Cidade Alta, vi um advogado (Rodrigo) algemado. Neste momento, o comandante da operação resolveu dar entrevista. Eu estava simplesmente gravando, como outros colegas jornalistas. Enquanto o militar dava entrevista, manifestantes gritavam "mentira". Neste momento, policiais sem qualquer identificação, pegaram o camarada Fábio Lúcio, do PC do B, pela mochila. No calor do momento, eu e outras pessoas tentamos puxá-lo. Começou a truculência policial. Nos jogaram spray de pimenta (inclusive em uma advogada que tentava impedir os excessos da PM), caímos. Fábio me passou o tablet, que joguei na bolsa. Fui levantada pela polícia, que torceu meu braço. O companheiro do PCdoB foi algemado. Sentei ao seu lado e peguei o celular para ligar. Nesse momento recebi voz de prisão: "você tá presa, não pode ligar".

Fomos retirados do local e colocados no chão ao lado do Palácio Anchieta. O estado mostrou seu desequilíbrio. Aos que questionam, violência e opressão.
Não consegui administrar até agora o que vivemos, ficamos mais de duas horas presos sem saber porque e quando chegamos ao DPJ continuamos sem entender. Tiraram as algemas do Fábio para entrar no DPJ e já dentro da delegacia nos revistaram, sendo que Fábio ficou algemado pelo pés. Alguém perguntou se era preciso me algemar e alguém respondeu que não.
Não resistimos em momento algum, mas ficou claro uma coisa: o desrespeito maior foi com ele, por ser estudante. No meu caso, como todos gritaram que eu era jornalista, o sindicato da categoria fez questão de acompanhar todo o processo e impedir mais excessos. Fui acusada de jogar pedra, xingar e desacato, coisas que não fiz. Apenas estava documentando toda a entrevista para as redes sociais quando fui presa arbitrariamente.

No domingo, assisti pela TV o delegado dizer que fui solta por falta de prova. Porque será? Uma coisa que senti de perto no Espírito Santo é que quem tem retaguarda é respeitado, mas trabalhadores, jovens e estudantes são tratados como bandidos. A pergunta é qual a lei que proíbe pessoas de se manifestarem e jornalistas de registrarem? Pela maneira que a polícia agiu tenho certeza que tinha uma meta, a de prender ao máximo sem critérios. A PM assistiu passivamente os chamados "vândalos" quebrarem vidros do Palácio Anchieta e de alguns bancos. Teria como prendê-los, mas parece que o propósito era outro. Era de deixar quebrar, causar pavor e medo na população para diminuir as manifestações e também abonar os erros e uso excessivo da força. Prenderam trabalhadores que voltavam para casa e sequer tinham participado de manifestações, pessoas que andavam pelas ruas. Sessenta presos e nenhuma lógica legal para as detenções. Apenas a demonstração de poder do Estado, como se ainda estivéssemos em plena ditadura militar.

Quero me solidarizar a toda e todos que como eu foram presos inocentemente e dizer que a diferença de tratamento recebida por Fábio e eu foi o que mais me chocou. Contamos com a assessoria de duas advogadas do Sindicato dos Jornalistas, que impediram que fossem registrados depoimentos deliberadamente falsos dos policiais, que queriam nos enquadrar como vândalos. Agradeço ao sindicato por nos defender da injustiça.

Sexta-feira era para ser apenas um documentário em vídeo das manifestações, mas para mim virou uma bandeira contra a violência policial, que mostrou sua cara tão conhecida nas periferias e que agora atinge a todos, embora nas ocupações as balas não sejam de borracha e as mortes uma "rotina".
Pela desmilitarização da PM e contra a impunidade de um estado que age para criminalizar movimentos sociais: tamô junto!

Bárbara Hora- Jornalista
Coord. Estadual de Movimento Sociais da Juventude do PT

terça-feira, 2 de julho de 2013

0 Espontaneidade

Os movimentos que aconteceram e acontece país afora fortalecem diversas pautas defendidas há anos pelos partidos de esquerda e movimentos sociais: passe-livre, transporte público de qualidade, reforma política, agrária, tributária, fim do fator previdenciário, dentre outras. Por isso a fala equivocada de apolítico ou de anti-partido é um jogada oportunista para os personalistas de plantão que têm como meta serem os salvadores da nação.

Os estilos Joaquim Barbosa (PIG), Aécio Neves (PSDB), Renan Calheiros (PMDB), Feliciano (PSC) dentre outros que se transvestem de amigos, onde o projeto político é individual, mas que tem uma linha ideológica dentro do partido que eles estão (serão) inseridos, porém preferem esconder os posicionamentos desses partidos.

Esse movimento espontâneo, esta sendo disputado por todos os setores, haja visto que a greve geral do dia 1º foi chamada pelas empresas. Essa disputa e no mínimo interessante, pois coloca a direita na situação de defender as pautas históricas da esquerda, porém a mesma não deixa de trabalhar para tirar o foco do debate real, quando culpabiliza a Presidenta da Republica como se fosse o único agente político do país.

As ruas sempre foram palco das grandes manifestações e precisam ser ocupadas sempre. Para nós do Partido dos Trabalhadores essa ocupação é algo que leva o nosso governo a voltar a atenção e pautar um governo mais a esquerda e é isso que queremos.

Um comentário a parte que quero fazer é que o gigante não acordou, pois colocar que só agora o povo acordou é desmerecer uma categoria que nunca dormiu, como o MPA, LGBT, UNE, associação de moradores e vários outros. Quem acordou agora foi o povo que vê no governo uma possibilidade de avanço e começou a pautar isso nas ruas.


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